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sábado, 26 de junho de 2010

comunidade evangélica brasileira

Quanto mais eu leio e discuto os assuntos vigentes da comunidade evangélica brasileira, mais me distancio daquilo que me dizem ser a verdade; pois que, a verdade não precisa ser empurrada goela abaixo como se fosse a única. Não a verdade impírica; mas se eu falar com esse linguajar filosófico é capaz de ser excomungado.

E não quero isso. Não agora a essa altura do campeonato. Por isso escrevo sobre a verdade mais corri-lateral, do tipo que todo o arraial entende. A verdade, essa é relativa. E cada um a tem da forma que lhe apraz.

As escrituras alertava-nos já a mais de dois mil anos. Gál 1: 6 "... que nos admira que logo vos saístes da verdade..."

No entanto aí está o erro do farisaísmo evangélico, que por conta daquilo que pensam ser a verdade, afastam os prosélitos mais desafortunados. Quisera eu abraçar todos os que estão fora da cidade e dar-lhes da minha capa de humilhação.

Por Gentil Pereira

As contradições da prosperidade

Escrever sobre a teologia da prosperidade me deixou desconfortável e inquieto; não por achar o assunto irrelevante ou meu próprio tratamento dele impertinente, mas pela intuição de alguma contradição oculta que demorei quatro ou cinco dias para saber precisar.

A primeira coisa que me inquietou, e disso eu tinha consciência mesmo enquanto escrevia contra ela, foi ver o quanto a teologia da prosperidade é fácil de refutar. O testemunho da Bíblia como um todo e do Novo Testamento em particular pesam irresistivelmente contra todos os pressupostos dessa doutrina e contra todas as suas conclusões, com uma ênfase que espero ter sido capaz de pelo menos sugerir.

Mais difícil, e tenho pensado nisso nesses últimos dias, é explicar de que modo uma doutrina tão desconcertantemente contrária ao espírito cristão (e uso a expressão no sentido de “espírito de Jesus”) alcançou a popularidade que alcançou dentro de tantas facções da igreja formal. Nada é mais avesso à postura do Filho do Homem, como apresentado nos evangelhos, do que a ganância proposta por homens, justificada em nome de Deus e usada como ferramenta de manipulação.

Já foi observado que a teologia da prosperidade é manifestação de um cristianismo estelionatário populista; tudo nela foi projetado para atingir, manipular e defraudar as camadas mais pobres da população com a promessa de riqueza. Todos querem ficar ricos, mas em geral são os pobres ingênuos o bastante para comprar a promessa da riqueza incondicional – e parecem tornar-se especialmente vulneráveis à aquisição se a promessa vem embalada e adoçada com o discurso da devoção.

O que em geral deixamos de enxergar é que a teologia da prosperidade é apenas a versão menos sofisticada – e portanto mais honesta – de uma ideologia tão entranhada na postura da igreja ocidental que tornou-se em muitos sentidos indistinguível dela. Porque, numa igreja absolutamente rendida aos ideais do liberalismo econômico, todos querem ser ricos e não veem nada de errado nisso. Se de um lado as vítimas pobres da teologia da prosperidade perseguem a riqueza crendo que ela virá sem escalas da mão divina, os ricos e burgueses perseguem precisamente a mesma riqueza – apenas recusam-se a rebaixar-se à ilusão ou à fé de que ela virá de Deus e não de sua própria performance.

Nós que condenamos a imaturidade do mecanismo toma-lá-dá-cá da teologia da prosperidade buscamos sem cessar o mesmo resultado por outros meios. A maioria de nós nem perde o seu tempo associando a riqueza a Deus; estamos ocupados demais perseguindo uma e ignorando o outro. Da expressão “teologia da prosperidade” os mais articulados dentre nós sentem-se preparados para invalidar a parte da teologia, mas nosso modo de vida endossa sem equívoco a parte da prosperidade.

Dito de outra forma, a teologia da prosperidade só alcançou penetração entre os pobres porque a ideia subjacente – de que para um cristão ser rico é coisa honrosa, desejável e reverte em glória a Deus – estava há muito (digamos, desde a Reforma) presente na postura e nos discursos dos cristãos ricos e de classe média. Com nosso modo de vida fornecemos o fim; a teologia da prosperidade limita-se a vender os meios.

Porque não há como esconder: grosso modo, há duas posturas na relação do ser humano com a riqueza. A primeira é acumulativa, e pressupõe isolamento e escassez; a segunda é distributiva, e pressupõe comunhão e abundância. Se enxergamos com clareza a mesquinharia dos que seguem e propõem a teologia da prosperidade, não temos como negar que nossa postura é pelo menos tão acumulativa quanto a deles. Os cristãos mais ricos fornecem o modelo elitista e dinheirista que a teologia da prosperidade vem oferecer aos mais pobres.

Em conformidade com isso, há duas maneiras de se ler o Novo Testamento; a primeira finge encontrar nele justificativa para o modo acumulativo de viver e de lidar com a riqueza. Sua modalidade mais comum enfatiza a sabedoria e a soberania de Deus. Quem é rico, sustenta essa visão de mundo, não deve absolutamente sentir-se culpado por não participar da miséria do mundo; ao contrário, quem acontece de estar rico foi agraciado pelo favor insondável de Deus e incorre em grave erro se sentir-se inclinado a repartir o que tem. A tentação de abrir mão dos privilégios da riqueza equivale à tentação de resistir à vontade de Deus.

Segundo essa linha de pensamento, nenhum privilégio é injusto, porque são todos patrocinados pela soberania divina. Em vista disso, não cabe aos ricos assumir uma postura distributiva em relação à riqueza1, porque isso denotaria falta de fé na divina capacidade de transformar o mal em bem. Não sabemos os motivos da miséria do mundo, mas não devemos duvidar da bondade divina. É portanto por razões de devoção e fé, sustentam esses proponentes da prosperidade calvinista, que é necessário abrir mão de qualquer tentativa de corrigir o mundo. Mudar o mundo é, na verdade, rebeldia contra a divindade. Talvez pareça injusto que você seja rico e o seu próximo pobre, mas quem é você para julgar? Quem é você para questionar a soberania divina, que estabeleceu a distinção em primeiro lugar?

Em absoluto contraste com esse pensamento, o modo genuíno de se ler o Novo Testamento é encontrando nele um apelo constante e incontornável para que abracemos um modo distributivo de lidar com a riqueza. Assim falaram os profetas antes dele (“reparta o seu pão com o faminto, e cubra ao nu com vestido”), assim falou João Batista (“quem tiver duas túnicas reparta com quem não tem nenhuma”), assim falou Jesus (“tive fome e não me destes de comer”), assim fizeram os pioneiros do reino no livro de Atos (“tinham tudo em comum; e vendiam suas propriedades e bens e os repartiam por todos, segundo a necessidade de cada um”). Em cada caso e em todos os casos, a posição neo-testamentária com relação à riqueza é distributiva; que no Novo Testamento essa distribuição seja voluntária apenas contribui para confirmar a sua centralidade.

Semelhantemente, no Novo Testamento o impulso de reformar a sociedade não é jamais visto como rebeldia contra a vontade de Deus. Ao contrário; como vimos há pouco, o sentido mais essencial de “arrependimento” em Lucas/Atos é o de abraçar a vocação de mudar o mundo, no sentido de corrigir suas injustiças e anular os seus mecanismos de exclusão e de manipulação. A vocação do reino está em que somos enviados para corrigir a miséria do mundo com a mesma paixão que Jesus mostrou-se disposto a corrigir a nossa: esvaziando-se, repartindo-se, distribuindo-se – de modo a estar sempre conosco na mesa universal. Nossa conformidade com o espírito de Jesus corresponde rigorosamente à nossa disposição em seguir o trajeto dele em direção à generosidade e à pobreza. O Apóstolo disse-o da seguinte forma:

Vocês, que destacam-se em tudo, vejam que passem também a destacar-se na generosidade. Pois vocês conhecem a graça de nosso Senhor Jesus Cristo, que, sendo rico, por amor de vocês se fez pobre, para que pela sua pobreza fossem enriquecidos.

O que encontramos nesse “enriquecidos” diz absolutamente tudo sobre nós.



Por PAULO BRABO

José Saramago: luto pela morte de um ateu

“Nenhum homem é uma ilha, completa em si mesma... A morte de qualquer homem me diminui, porque estou envolvido na humanidade; e, portanto, nunca procuro saber por quem os sinos dobram, eles dobram por ti”. Essa célebre frase foi escrita por John Donne, um dos maiores poetas de todos os tempos. Ela me veio à memória há poucos dias com a notícia da morte do escritor português e Nobel da literatura, José Saramago.

Saramago era ateu e comunista confesso. Nunca escondeu seu desprezo na crença em Deus, na Bíblia e na igreja. Escreveu livros e ensaios com críticas ácidas e ultrajantes à fé cristã, como o romance O Evangelho Segundo Jesus Cristo, no qual conta a história (estória) humanizada da vida de Jesus e alude a uma eventual relação com Maria Madalena, com quem, segundo Saramago, teria conhecido o amor da carne e nele se reconhecido homem. Em outro texto, ele escreveu: “Deus não é mais que um nome, nada mais que um nome, o nome que, por medo de morrer, lhe pusemos um dia e que viria a travar-nos o passo para uma humanização real. Em troca prometeram-nos paraísos e ameaçaram-nos com infernos, tão falsos uns como os outros, insultos descarados a uma inteligência e a um sentido comum que tanto trabalho nos deram a criar”. [1]

No livro Caim, lançado em 2009, Saramago voltou a atacar a religião, redimindo o protagonista do assassinato de Abel e apontando Deus como o autor intelectual do crime, ao desprezar, diz ele, o sacrifício que Caim Lhe havia oferecido. Em visita ao Brasil para o lançamento dessa obra, o escritor novamente em tom cínico disparou contra Deus. Conforme notícia do Estadão feita à época:

“José Saramago não considera esse romance seu particular e definitivo ajuste de contas com Deus, porque "as contas com Deus não são definitivas, mas sim com os homens que O inventaram", disse. "Deus, o demônio, o bem, o mal, tudo isso está em nossa cabeça, não no céu ou no inferno, que também inventamos. Não nos damos conta de que, tendo inventado Deus, imediatamente nos tornamos seus escravos", assinalou o autor.” [2]

Como se vê, Saramago era, em outras palavras, a versão aportuguesada de Richard Dawkins e Friedrich Nietzsche: um ateu que não media suas palavras contra a religião e Jesus Cristo. Alguém que escolheu deliberadamente virar as costas para o Criador e como uma criança dirigir-lhe insultos gratuitos ou, no máximo, baratos.

Com isso em mente, volto à frase de John Donne: “Nenhum homem é uma ilha, completa em si mesma... A morte de qualquer homem me diminui, porque estou envolvido na humanidade...”

É uma ironia. Mas, Saramago resolveu viver como uma ilha. Isolado em Lanzarote, no arquipélago espanhol das Canárias. E por isso mesmo, pergunto: Será que a morte de um antiteísta distante, indigesto e raivoso como Saramago poderia me diminuir? Ou será que a sua passagem seria o motivo para reafirmar minhas convicções e mostrar com os dentes à mostra de felicidade que mais um ateu se foi e agora terá que pagar as contas com Aquele a quem tanto criticou (como muitos crentes fizeram nesses dias)?

Confesso que por um lado, insuflado pelo homem natural, gostaria de seguir essa segunda alternativa. Com um sorriso brilhante e com ar de vitorioso estampado em minha face, gostaria sinceramente de reafirmar o destino de Saramago: o inferno. E com isso ameaçar todos os demais que pretendem fazer o mesmo.

Olhando por outro ângulo, numa visão espiritual, tenho que reconhecer que a morte de Saramago me diminui. Tenho essa percepção ao olhar para a Bíblia e ver que a morte de alguém sem Cristo é algo terrível, isso porque aos homens está ordenado morrerem uma vez, vindo, depois disso, o juízo (Hb. 9.27); restando, então, uma certa expectação horrível de juízo e ardor de fogo (Hb. 10.27).

A morte de um ateu, como Saramago, me diminui porque tenho a certeza que por traz de toda aquela rompancia intelectual; escondida sob uma fina capa de aparência amarga e feroz existia uma alma que, no fundo no fundo clamava por Cristo. Um ser que ‘não sabia o que dizia’, enganado pelo ego e pelas vozes seculares, e que, infelizmente, morreu sem salvação. Estou, portanto, em luto com a morte de Saramago. Não porque o admirava ou porque existisse nele algo que despertasse minha atenção. Absolutamente não! Estou em luto porque, parafraseando John Donne, a morte de qualquer homem me diminui, afinal devo estar envolvido com a missão de levar todas as pessoas a Cristo, até mesmo os mais intransigentes. Portanto, os sinos também dobram por José Saramago.


por Valmir Nascimento

quinta-feira, 24 de junho de 2010

A estrada menos trilhada

Querido Gentil,


Hoje, acordei pensando no caminho estreito, naquele caminho pouco trilhado, sem grandes atrativos. Antes, confesso que nem sempre escolhi essa estrada apertada. Mariposa, voei desesperado em busca de luzes, querendo o brilho da fama. Tantas vezes busquei as passarelas largas. Hoje, ao contemplar meus antigos passos, percebo que andei em círculo, rodopiei, patinei, ofuscado por labaredas fugazes. As lamparinas que desejei eram falsas. Ultimamente, não sei se devido a idade, as decepções ou mesmo a uma revelação sagrada, passei a interessar-me por trilhas menos atraentes.

Fui marcado na juventude pelo poeta norte americano Robert Frost. Mas, antes de sua poesia, preciso contar um pedacinho de sua história. Frost ganhou notoriedade quando ainda era jovem. Ele foi um talentoso poeta. Ganhou quatro prêmios Pulitzer. Com a fama, vieram os apelos para o estrelato. De todas as partes surgiam convites para que escrevesse sob encomenda, que se projetasse. Frost encarava tais convites como o canto da sereia, sedutor, mas mortal para a alma. Ele preferiu continuar como professor universitário, sem as badalações do sucesso.

Li o seu mais famoso poema, “The Road not Taken – A Estrada não percorrida” e nunca mais fui o mesmo. Quero repartir com você, meu irmão, uma tradução livre do poema – que certamente não reflete a sua grandeza (procure lê-lo em inglês).




Duas estradas divergiam numa árvore amarela
E me ressenti não poder ambas percorrer
Sendo um só viajante, por muito me detive
E observei uma até quão longe pude
Só para observar que na relva desaparecia

Então segui pela outra, tão boa quanto,
E talvez por ter melhor reclame
Mais ramos possuía e talvez por ansiar uso
embora, quanto a isso, o caminhar, no fim,
as tivesse marcado por igual.

E, naquela manhã, em ambas igualmente jaziam
Folhas que passo algum pisara.
Ó deixei a primeira para outro dia!
E sabendo que um caminho leva a outro caminho
Duvidei se algum dia eu voltaria.

Isto eu hei de contar mais tarde, num suspiro
Em algum ponto, eras e eras ainda nesta existência,
Duas estradas bifurcavam numa árvore,
Eu trilhei a menos percorrida,
E isto fez toda a diferença.



Quando Robert Frost já havia completado 86 anos, John Kennedy o convidou para que lesse sua poesia na cerimônia de inauguração como presidente dos Estados Unidos, em 20 de janeiro de 1961. Robert Frost escolhera a estrada menos percorrida. E naquele dia viu que havia feito toda a diferença.

Jesus contou uma parábola sobre um semeador. Enquanto ele jogava as sementes, parte delas caiu em terreno duro. Mas nenhuma das que cairam na terra batida, frutificou. Em terra pisada, a vida não germina. No caminho por onde segue a maioria, o chão se enrijece pavimentado pela contenda. Rivalidades empurram as pessoas a desejarem os primeiros lugares e quando todos optam pelo caminho da notoriedade, a disputa amesquinha. Torna-se tão importante ganhar que os Narcisos se odeiam e os Neros desconfiam da própria sombra.


Quem escolhe o caminho menos repetido, abre mão dos aplausos, dos tapinhas nas costas e dos confetes. Na verdade, as pessoas não invejam as conquistas dos grandes heróis, sequer o preço que pagaram, mas cobiçam os aplausos, as ovações e a bajulação dos triunfantes. E tudo isso não passa de vaidade, de um nada de nada.

Plutarco escreveu a hagiografia – biografia ufanista – de Júlio César. Júlio César foi, com certeza, um dos maiores imperadores de todos os tempos. Seu reinado marcou a história de tal maneira que os sucessores ao trono romano adotaram seu nome. Augusto, Marco Aurélio e todos os demais também queriam ser César. Até imperadores da Rússia passaram a se chamar de Tsar – César em russo – e os germânicos, de Keiser - César em alemão.

Acontece que o próprio Júlio César era insatisfeito consigo mesmo. Ele invejava Alexandre, o Grande. Plutarco narra que certa vez flagrou Júlio César banhado de lágrimas enquanto lia a vida do imperador da Macedônia. Plutarco perguntou o motivo das lágrimas: “Choro não por Alexandre, que morreu tão cedo, mas por mim. Com a minha idade Alexandre já havia conquistado o mundo e eu nada fiz”.

Eis o nó: todos queriam ser iguais a Júlio César, mas ele queria ser Alexandre. Todavia, o cenário foi pior: O grande Alexandre não era satisfeito consigo mesmo. Ele queria ser Hércules. Mas Hércules não existia, pois era um personagem mitológico.

Amigo, entendamos: o caminho mais usado não leva a lugar nenhum porque termina no inferno da perfeição. Perfeição que cobra dos humanos um padrão que só os deuses mitológicos alcançam. Fuja dessa armadilha que não só fatiga como destrói com o ácido chamado ansiedade.

Portanto, não se sinta diminuído pelo anonimato. Nunca pense que jogou a vida fora por não ter alcançado as luzes da ribalta. Jamais inveje os que gravaram o nome na calçada da fama. Tudo vira pó. A glória humana se dispersa em nada. Dedique-se a construir relacionamentos significativos. Priorize os encontros despretensiosos. Doe-se sem esperar recompensa humana.


Escolha abrir sua própria picada. Evite bitolas, cabrestos, vendas, algemas. Escreva a sua história sem se preocupar se alguém vai considerá-la digna de ser publicada. Só você conhece o valor de seus momentos. Um dia, com um suspiro, você também verá que duas estradas bifurcaram e valeu ter viajado pela menos preferida.

Abraços,

Ricardo
Soli Deo Gloria
16-06-10

domingo, 20 de junho de 2010

Controverso, eu?

Não me considero um polemista, embora reconheça a minha insistência em questionar, embora saiba que vez por outra peso nas tintas ao criticar, embora consciente do meu atrevimento por tentar derrubar vacas sagradas de seus pedestais teológicos. Um tanto de gente me escreve perguntando sobre boatos que se espalham por corredores virtuais me acusando de perigoso. Sinceramente, não me acho uma ameaça (sem bem que Hitler também não se achava!).

Vou tentar explicar pela enésima vez porque disse que estava de saída do movimento evangélico. Na verdade, minha igreja pretende ser evangélica, isto é, ser uma comunidade leal ao Evangelho. Já não me identifico com o que se tornou o "movimento evangélico" enquanto fenômeno social. Enumero minhas explicações para que fique mais didático:

1. Por razões éticas –

Não consigo acertar o passo com os escândalos que sacodem quase semanalmente o movimento evangélico. Na minha opinião, um claro sinal da septcemia moral que o devasta. Alguém diria: “Esses escândalos representam apenas uma pequena parcela do movimento e os demais não podem ser responsabilizados”. Ora, ora, se os desmandos do neopentecostalismo não representam o todo, então porque os evangélicos se valem do crescimento das mega-igrejas, dos ministérios televisivos, para impressionar com as estatísticas do IBGE? Se há necessidade de separar quem é quem, então que profetas se levantem e denunciem o circo vergonhoso que se tornou a pretensa “pregação do evangelho” que não passa de uma neurolinguística fajuta.

2. Por razões teológicas -

Milagres a granel são prometidos indiscriminadamente pelas igrejas. O movimento evangélico virou um movimento antropocêntrico. Deus foi reduzido a um poderoso consertador de problemas, a um super-gênio da lâmpada que cumpre desejos, a um magnífico Papai Noel que dá o que se pede. Oração se transformou em técnica de manipular o divino; obediência, um jeito de desobstruir os dutos por onde correm as bênçãos; e fé, uma força que arrasta o coração de Deus na direção dos humanos, sempre miseráveis.

Na verdade, se me perguntarem se concordo com um mundo engrenado pela Providência que faz com que todos os nano eventos do universo tenham a tutela de Deus, responderei que não. Se me perguntarem se creio que crianças já nascem pecaminosas e “filhas da ira”de Deus, repetirei que não. Enfim, eu jamais passaria nas provas de catecúmenos da maioria das igrejas evangélicas.

3. Por razões existenciais -


Por anos, corri, corri, sobre a plataforma evangélica de salvar almas, de garantir o céu para os pecadores danados. Quando vi que a fronteira da velhice se avizinhava, descobri que as pessoas que haviam carimbado o passaporte para a vida eterna eram malvadas, iracundas, traiçoeiras, ingratas, mais amantes de suas doutrinas do que do próximo. Eu tinha distribuído salvo conduto que dava entrada para as ruas de ouro do Paraíso, mas fracassara em ajudar homens a honrarem as calças que vestiam.

Recentemente, pregando em Natal, Rio Grande do Norte, perguntei a um pastor anglicano sobre o estado das igrejas ali. Ele respondeu que igrejas evangélicas sérias estavam em crise. Repliquei de imediato: - Não, amigo, as igrejas sérias não estão em crise, mas navegando na contracorrente.

Sei que a versão dos maldosos colou em mim; fiquei com o estigma de mal-resolvido, polêmico e até de herege. No passado, isso me inquietava, mas depois que muitas águas correram sob a ponte, conscientizei-me de que devo continuar tentando abrir picada onde não há trilha sem importar-me com a opinião dos guardiões da reta doutrina.

Se a busca inquieta por novos ares for controverso, sou controverso. Se não aceitar andar no passo da manada for controverso, eu sou controverso. Se desejar cuidar pastoralmente de famílias com filhos com paralisia cerebral, sem repetir chavões, for controverso, eu sou controverso. Se recusar a aceitar que a miséria de bilhões, que dormem com fome todas as noites, representa o controle de Deus sobre a história for controverso, então eu sou controverso.

Cambaleante, continuarei. Sob artilharia pesada, escreverei. Espicaçado por eruditos, seguirei. Esta é minha vocação, é minha sina, é meu destino. Comecei, agora vou até o fim.


(Ricardo Gondim)

sábado, 19 de junho de 2010

Morre José Saramago

Olho de cima da ribanceira a corrente que mal se move, a água quase estagnada, e absurdamente imagino que tudo voltaria a ser o que foi se nela pudesse voltar a mergulhar a minha nudez da infância, se pudesse retomar nas mãos que tenho hoje a longa e úmida vara ou os sonoros remos de antanho, e impelir, sobre a lisa pele da água, o barco rústico que conduziu às fronteiras do sonho um certo ser que fui e que deixei encalhado algures no tempo.

José Saramago

segunda-feira, 14 de junho de 2010

Minha oração

Deus , quero orar aqui com sinceridade; como tenho me envergonhado desse evangelho e cristianismo, que me deixaram crer que era a verdade. É a minha mais pura verdade, no entanto estão pisando e jogando na lama.

Esses homens devassos, mais vis que o mundo. Fazem de tí escárnio. Cospem em teu rosto. Isso que guardo no meu mais profundo consciente é o teu existir e ninguém tem o direito de arruinar o que construistes com tanto amor.

Dê um basta meu Deus. ILumina a mente desses desgraçados para que vejam a tua graça. Não é possível que eles continuem impunes matando, roubando, estuprando e mentindo. Abusando de gente ignorante em pro de sí mesmos.

Esses que se denominam apostolos, pastores, bispos e presbíteros. Deus, tenha misericórdia de mim, que eu veja a suas desgraças. Amém.

( Gentil Pereira )

meu choro

Choro, e ninguém haverá de conter minhas lágrimas.
Meu povo se entrega
a quem quer que seja que lhes prometa melhoras.

Minhas lágrimas
molham meu rosto sem esperança de cessar.

Choro porque há homens que se aproveitam de outros ingênuos
e não paro de chorar.

Minhas lágrimas caem como uma criança
triste que perdeu a mãe.

Choro as verdades que eu acreditei,
confiei em homens que me envergonharam,
briguei comigo e agora só me restam incertezas.

minhas lágrimas
são de vergonha desses que só dizem, mas não são brasileiros.

Choro, quem haverá de conter minhas lágrimas?
Meu Deus, dai-nos um basta.
Que venha em mim a força, o dom das palavras.

( Gentil Pereira )

domingo, 13 de junho de 2010

Palavras de um um novo convertido

Oi Queridos! graça e paz!

Eis que a luz brilhou no fundo do abismo! O oleiro fez um vaso incompa
ravelmente melhor! Ainda o sinto dando os últimos retoques, fazendo
entalhes, colocando sua impressão digital!

Queridos, minha fé vem sendo edificada dia a dia! tenho o privilégio de
beber na fonte pela mão do Psstor José Pereira,Pr Rui,Pr Zé cebola e Pr Dirceu!
Amados, tenho muitos projetos! e o epírito santo já habita este templo!

Um abraço a todos! que Deus ilumine seus caminhos!
( Napoleão Barbosa )

sábado, 12 de junho de 2010

intuir um cristianismo diferente...

Quando falo que eu não sou cristão, é por causa dos vários contra-tempos de nossa história. A igreja por causa das diferenças se perdeu no tempo.

Quando falo que eu não sou cristão, é por que Cristo não imaginava que isso iria acontecer. O quê? O poder humano sobre a igreja, se tornando politica e aberração social.

Quando falo que eu não sou Cristão é porque Cristo não tem nada a ver com o cristão de hoje e do que foi a igreja católica que se fez representante dele.

Quando falo que eu não sou cristão é por causa da filosofia cristão que foi deturpada ao longo do tempo por homens gananciosos pelo poder.

Quando falo que eu não sou Cristão, falo por que intuo um cristianismo diferente das correntes vigentes de hoje e sempre. Mas não estou sozinho nesta empreitada.

Quando falo que eu não sou Cristão, é porque sei o que não é o cristianismo. E o que é o Cristianismo? Não sei.
Sei o que ele NÃO é. Ou o que não foi, mas intuitivamente sei o que ele deveria ter sido. O Verdadeiro Cristianismo se perdeu lá depois de Paulo e se afundou lá com Constantino.

(Gentil Pereira)

domingo, 6 de junho de 2010

A teoria da relatividade

Se você não crê no que escrevo, não tem problema. Você tem o direito e dever de, antes de crer, analisar com minuciosidade o que escrevo. Parta então do princípio que eu estou errado, mas posso estar certo. O Certo e Errado é relativo?

Alguns conclui que não há o certo e nem o errado.

"Há apenas valores individuais distorcidos. É uma pena que os verdadeiros valores morais religiosos e culturais estejam engavetados para quando for conveniente." (PSIDIUM GUAJAVA-prof de Historia.)

Desta maneira,contudo, creio que há coisas que fazem mal em absoluto, como corrupção, poluição, tratamento desumano, miséria, torturas, etc. Ou isso também pode ser relativizado?
1º É possível obter conhecimento isento de ideologia, ou todo conhecimento é ideológico?
2º As verdades matemáticas são absolutas?
3º Os animais, à exceção do homem, podem comportar-se como lhes for mais conveniente, pois as questões de certo e errado não lhes dizem respeito?

Entendo que o relativismo tenha vindo como resposta a uma sociedade em que os “certos e errados” eram elaborados de forma arbitrária e manipuladora. Por outro lado, a ausência total de critérios de certo e errado pode fazer com que os desejos mais egoístas do ser humano possam ser levados a cabo diante de uma platéia apática. De toda forma, é uma discussão que deve ser mantida em aberto, pois acredito que é algo que deve ser constantemente refletido, e não ignorado meramente de uma forma simplista.

Os que dizem que tudo é relativo podem estar errados ou certos,já que acreditam na relatividade.
Mas o certo é que nem tudo é relativo.
Para pensar:

"Num momento em que as ideologias cientificistas e os movimentos irracionalistas parecem constituir as duas faces de uma mesma medalha, não é de se estranhar que o pensamento se torne desfigurado. Por isso, torna-se urgente redescobrirmos um pensamento de liberdade, capaz de zombar, não somente dos dogmatismos, integrismos e moralismos, mas de todos os ceticismos relativistas, a fim de fazermos de nosso esforço de conhecimento uma aventura infinita de busca da verdade." (Hilton Japiassu)


E que Deus nos Ajude!

( Gentil Pereira )

quinta-feira, 3 de junho de 2010

De quem é o reino dos céus?

Eu, por mim, jejuo duas vezes por semana e pago o dízimo de tudo quanto possuo. Apartado a um canto, o publicano nem sequer ousava erguer os olhos para o céu; batia no peito, e exclamava: Meus Deus apiedai-vos de mim, pecador. Digo-vos, acrescentou Jesus, que este voltou justificado para sua casa, e o outro não, porque todo aquele que se exalta será humilhado, e todo aquele que se humilha será exaltado." (Lucas, 18:9-14).

Eu não quero igualar-me aos preconceituosos da religião de minha época. Esses lançam pecadores aos montões ao inferno, sem lhes dar uma segunda chance de se redimirem.
Que meus amigos sejam os mais necessitados pecadores de nossa sociedade. Longe quero ficar dos
"SANTOS". Esses não querem sujar suas vestes.Olhando para o alto o Fariseu disse : "Senhor, obrigado pois não sou igual a esse vil publicano."O Publicano nem ao menos tinha coragem de olhar para o altar, disse " Senhor perdoe-me pois sou pecador"


Seus pensamentos puros são sepulcros, lobos devoradores, cães perniciosos.
Beberões, ladrões, prostitutas, mentirosos, assassinos; esses eram os que seguiam a Jesus Cristo pelos desertos de Israel. " Quem me segue não andará em trevas "
Será que eu posso dizer isso? Os meus amigos que me seguem são os piores, sem medo, sem vergonha deles? jesus disse que desses são o Reino dos céus e que os últimos serão os primeiros.

E Que Deus Nos Ajude!

( Gentil Pereira )