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quinta-feira, 27 de outubro de 2011

a Bíblia, a Verdade e a Existência de Deus




Perguntou Pilatos: - O que é a verdade?

Interessante como muitos de nós lemos a Bíblia como um livro de comprovações da existência de Deus.
Neste critério de leitura, quando se quer provar tal coisa, apresentam-se os textos passíveis de confirmação pelo saber humano, tais como o peso do ar no livro de Jó ou a redondeza da Terra em Isaías, além de outros.

Por outro lado, nada se fala sobre os outros inúmeros textos que além de não se poder comprová-los, ainda nos fazem corar de vergonha, pois chegam a ser contraditórios ao saber humano.
Nesta situação é comum tentar desqualificar a ciência, quando não os cientistas, enfatizando suas contradições.

Mas algumas vezes, se esboça a tentativa de um mínimo diálogo entre ciência e religião torcendo o texto bíblico. A partir de uma falácia de que os erros são “aparentes contradições”, se dá ao texto impossível de comprovação o crédito de linguagem simbólica, ou o status de mistério. Quer dizer, em função dos poucos comprovados, exige-se acreditar que os não comprovados também sejam factuais.
Os que assim defendem a Bíblia, não permitem que a ciência faça uso desta mesma regra.

Uma fé que para prevalecer precisa demonizar os opositores, algo muito comum no fanatismo religioso.
Partindo do pressuposto de que os textos bíblicos não podem ter erros, uma das maneiras utilizadas para solucionar o problema é usar o percentual comprovável para validar o todo.
Isto é, temos uma leitura de fé conveniente, não necessariamente lúcida.

Passemos ao texto bíblico:

Logo nas primeiras páginas da Bíblia encontramos uma cobra falante.
Se este texto não estivesse em um Livro Sagrado, seria tomado por fábula pelo simples fato de animais não falarem, nunca se viu tal coisa, não é possível se verificar e trata-se de algo improvável para não dizer impossível.
Mas ao reivindicar o livro como verdadeiro pelo critério do cientificismo empírico, torna-se necessário afirmar em nome deste tipo de fé, que em idos tempos o mundo já foi assim: cobras falavam e possuíam pés sobre os quais andavam.
Isto é tomado por história verídica em função desta lógica e ainda se usa detalhes factíveis como os rios Tigres e Eufrates para afirmar a veracidade.
Aos que assim lêem, restam duas alternativas: credulidade infantil ou fanatismo.

Cobras precisam falar para que a Bíblia seja verdadeira?

Os profetas bíblicos por diversas vezes foram incumbidos de transmitirem a mensagem de Deus, através de histórias inexistentes ou fábulas. Jotão filho de Gideão, profetizando contra Abimeleque conta a fábula de uma reunião das árvores para eleger quem governaria a floresta, e desta forma transmite sua mensagem.
Há outros exemplos como o Leão de Judá ou o Cordeiro que foi morto. Nenhum lugar registra que se trata de uma figura de linguagem, mas não questionamos isto.
Os querubins relatados por Ezequiel com corpo de gente e cabeça de animal, fora do texto bíblico são figuras mitológicas.
Têm-se medo de fazer tal afirmação, mas como para a interpretação do texto não se toma estes seres como literais, são seres mitológicos, servem apenas como símbolos da fé.

A Bíblia é um documento histórico legítimo, independente de seus registros serem factuais e isto por si só já a torna verdadeira.

Façamos um paralelo com a Ilíada de Homero.
A referência a situações específicas não torna o relato factual, mas por outro lado, a criatividade e inventividade sobre as sagas dos deuses, não invalidam o relato como um documento histórico, ou verdadeiro - legítimo.
Isto ajuda a demonstrar que algo pode ser legítimo, sem ser um fato verídico.
Quer dizer que um texto não pode ser validado ou invalidado, pelo critério de seu relato ser ou não verificável. Pode se tratar de uma ilustração, metáfora, epopéia, lenda, fábula ou parábola cujo principal objetivo é transmitir uma mensagem verdadeira e não registrar fatos verdadeiros.

Outra questão: É possível falar a um intelectual de nosso mundo científico que a Bíblia é verdadeira, afirmando-se categoricamente que cobras falavam, ou que pelo menos uma falou porque Deus quis?
Lógico que não! Uma das coisas importantes na fé cristã é não roubar a razão. Servir a Deus é racional.

Mas se admitirmos que cobras não falam e que o objetivo principal do texto não é provar este tipo de coisa, mas transmitir uma verdade de fé - a mensagem de Deus - a verdade transmitida pelo texto será comunicada com muito mais valor e credibilidade.
Aliás, o Apocalipse admite que a serpente do Gênesis, não era uma serpente, mas símbolo de Satanás que João simboliza como o Grande Dragão (Ap 12:9). Vale lembrar que dragão é um animal lendário.

Há um exemplo em Gênesis que pode nos ajudar a enxergar melhor, que ler a Bíblia como factual, ou de forma literalista é complicado até mesmo para aquilo que entendemos na fé cristã sobre Deus.

DEUS DISSE para Abraão que OUVIU DIZER que os pecados de Sodoma e Gomorra eram tão graves que ele ESTAVA DUVIDANDO que fosse possível, por isso FARIA UMA CHECAGEM para AVERIGUAR A VERACIDADE daquilo que ouvira.
(Disse-lhe, pois, o SENHOR: "As acusações contra Sodoma e Gomorra são tantas e o seu pecado é tão grave que descerei para ver se o que eles têm feito corresponde ao que tenho ouvido. Se não, eu saberei" Gn 18:20-21).

Uma leitura direta e objetiva que olha o texto como factual, terá que realizar uma manobra considerável para compreender Deus.
- Deus não sabia?
- Alguém precisou lhe contar?
- Ele não acreditou no que disseram a ele?
Se fizermos prevalecer que Deus sabia, ninguém precisou lhe contar e ele não duvidou, podemos fazer outras perguntas:
- Deus mentiu?
- Deus blefou para testar Abraão?
- Deus fingiu algo para alcançar seus intentos?
Só ficaremos presos a estas questões, se insistirmos em ler o texto, com a lógica da necessidade de que os textos bíblicos sejam factuais.
Mas se para este texto dermos o crédito de linguagem antropomórfica, então levantaremos a questão sobre qual o critério para estabelecer, quais textos são e quais não são figuras de linguagem.

Talvez o maior problema seja, fazer as perguntas erradas para os textos bíblicos.
Podemos por outro lado, entender que os registros bíblicos não foram realizados para provar os fatos, mas para transmitir uma mensagem, desta forma, melhor captaremos a Bíblia como a Palavra de Deus em palavras humanas. Isto é, todas as palavras e expressões humanas sempre serão figuras de linguagem para falar sobre Deus.

Outro exemplo para avaliar é o de Jonas engolido pelo grande peixe.
Alguns protestantes fundamentalistas por lerem com a lógica de que a Bíblia só é verdadeira se for factual, vasculham a terra e os oceanos em busca de uma espécie de peixe ou pelo menos um fóssil capaz de engolir um homem inteiro sem esmagá-lo.

Por que este tipo de busca se torna importante?
Para satisfazer a idéia de que a Bíblia só será verdadeira se provada com eventos verificáveis, e que somente assim pode-se requerer que se creia nela.
O interessante é que Jesus quando se refere a Jonas, não reivindica ao relato ser um fato verossímil, mas apenas um símbolo. Quer dizer, para Jesus indifere se ocorreu ou não, o mais importante é que se trata de um sinal.
O relato aponta para uma verdade. No critério de Jesus o relato de Jonas aponta para algo muito maior, mais importante. O que vale no relato é o seu propósito e não a possibilidade de se verificar.

A partir deste exemplo, podemos afirmar que aquilo que a Bíblia diz sobre Deus, não está registrado para dar provas de verdades empíricas, mas para desafiar a fé em Deus. Afinal, a fé vem pelo ouvir da Palavra e não pelo comprovar os fatos.
Quer dizer, a Bíblia não busca provar nada, nem mesmo que Deus existe, ela desafia as pessoas a crerem. Aquele que quer se aproximar de Deus não busca provas, apenas crê.

Provar que Deus existe, além de perda de tempo é filosoficamente impossível, isto porque algumas coisas seriam necessárias:

Para que pudéssemos provar que Deus existe requereria sua materialização. Se Deus é Espírito e a tudo enche, em sua materialização não haveria espaço para as demais coisas - as coisas criadas - isto é, deixaríamos de existir.

Por outro lado, sua materialização o colocaria limitado - dentro de uma finitude- o que por natureza o faria deixar de ser Deus. Quer dizer que, mesmo que isto ocorresse, não poderíamos provar que aquele finito que testemunhamos seria de fato o Deus Infinito.

Por isso, mesmo a kenosis – esvaziamento – de Deus na encarnação, requer fé. Este para mim é o maior milagre: “sendo Deus esvaziou a si mesmo”.

De outra forma, se Deus quisesse se auto-provar às coisas existentes que Ele mesmo existe, teria que tirar toda e qualquer liberdade da criação, pois não há possibilidade da permanência livre da criatura se o in-criado prevalecer.

Assim, para que as coisas existam e haja liberdade, Deus precisa ser discreto. Tão discreto que se torna possível negá-lo. Por isso, sem fé a relação com Deus é impossível. A fé se torna o desafio que Deus lança ao ser humano para existir e ser livre. “Aquele que mesmo não tendo visto amamos”(1Pe 1:8).

Só existe possibilidade de se negar Deus porque ele não é impositivo e porque todas as suas ações são divinamente humanas. Deus age de maneira tão discreta, que aquele que não tem fé conseguirá explicar tudo sem Deus, mas aquele que crê, não conseguirá respirar sem desfrutar de sua presença.

O desafio maior do cristão não é provar que Deus existe, mas é existir em Deus, isto é, viver pela fé.
O desafio maior do cristão Não é provar que tudo o que contém na Bíblia pode ser verificado cientificamente, mas crer na sua mensagem que nos desvela o Deus em Cristo.

Disse Jesus: “E são as Escrituras que testemunham a meu respeito; contudo, vocês não querem vir a mim para terem vida”. (João 5).

Fonte : http://www.elielbatista.com/2010/01/biblia-verdade-e-existencia-de-deus.html

ENTRE A BÍBLIA E JESUS.




Temos grande dificuldade em ouvir o que as Escrituras nos falam hoje. Talvez desenvolvamos com a Bíblia, mais o olhar do que os ouvidos. Quer dizer, valorizamos mais o texto do que o que ele nos fala. Nos esquecemos que a fé vem pelo ouvir?

Tenho percebido que cresce o número de pessoas que não sabem como se relacionar com a Bíblia. Em nome disto proponho este texto. Desejo comunicar tanto com os radicais letristas que não aceitam sequer pensarem na Bíblia como letras humanas, assim como com os que não sabem o porquê considerá-la como Sagrada.

É comum na fé dos evangélicos olhar para a Bíblia e pensá-la como palavra eterna. Com isto cria-se uma dificuldade, a de se fazer distinção entre Deus e o texto bíblico.
Em função do que se entende por Escritura e também da interpretação do texto, diversas tradições transformaram a Bíblia ou em um manual de rituais e condutas, ou em um vernáculo celestial, para não dizer psicografismo.

De dentro do próprio judaísmo, de onde se originou a fé cristã, podemos extrair o entendimento sobre as escrituras, pois o nome dado ao resumo de toda a Bíblia Hebraica é Torá, que significa, “Caminho ou Direção”.
Sendo assim, podemos entender que a meta principal do texto bíblico é introduzir a humanidade ao único Deus. Eu diria, a Bíblia nos prepara para acolhermos o Deus que se revela.

Para nós os cristãos, o caminho não é um texto, mas uma pessoa: Jesus Cristo. Não é de se estranhar, o choque para os fariseus terem ouvido Jesus afirmar ser o Caminho, a Verdade e a Vida.
O arcabouço da fé cristã apresenta Jesus como o princípio, portanto antes das escrituras. Jesus é pré-existente com o Pai. Afirmamos esta nossa verdade de fé, porém muitos de nós não estamos dispostos a levar isto até o fim.

Quais as conseqüências em se afirmar tal coisa?

Não podemos aceitar que Jesus veio para se submeter a um texto. Do tipo, o ator que lê o script e agora repete exatamente o que o autor escreveu. Jesus não representa um texto, mas o texto aponta para ele.

Explicando:
O texto bíblico apresenta símbolos para encaminhar o leitor à imagem original, que no caso da fé cristã trata-se de Cristo.
O texto fala dele, mas ele não está sujeito ao texto, pois ele e o texto não são um. Ele e o Pai são um.
Ele não pode se sujeitar ao texto, pois ele é a Palavra. (Lc 24: 27 E começando por Moisés e todos os profetas, explicou-lhes o que constava a respeito dele em todas as Escrituras. / Jo 5: 39 Vocês estudam cuidadosamente as Escrituras, porque pensam que nelas vocês têm a vida eterna. E são as Escrituras que testemunham a meu respeito;)

E quanto aos textos que dizem coisas do tipo: “tudo isto aconteceu para que se cumprisse as Escrituras”?

A ideia de cumprimento das escrituras, não parte do texto para a imagem real, mas parte da imagem real para identificá-la no texto.
Lembremo-nos que Jesus vem antes de tudo, portanto tudo é a partir dele.
Tendo em mente que a Bíblia narra a história de fé de um povo, devemos ler da seguinte forma:
Olhar para Jesus, a Imagem Real, e encontrar as pistas desta imagem, como por exemplo a de um Cordeiro. Portanto, Cordeiro é uma figura religiosa do judaísmo no qual pode ser percebido Jesus, mas Ele de fato, não é cordeiro, Ele é o Filho de Deus.

O cumprimento das Escrituras não é para comprovar que o texto está correto, mas para nos mostrar que Deus vem por toda a história se revelando, por meio do Único Mediador - Jesus. A princípio com pistas e por fim revelou-se plenamente em Jesus de Nazaré.
Assim nas figuras religiosas judaicas, ele é o sábado, o cordeiro, o filho de Davi, a Torá (caminho)e muito mais, enfim, Ele é.

A Bíblia é indispensável e importantíssima para nos inserir na história da fé, para nos apresentar nesta história o Cristo, mas ela jamais pode ser colocada em pé de igualdade com Cristo.
O Livro é inspirado, mas em letras humanas e Deus não se confina em construções humanas. Ele fez para si morada: Habitou entre nós e vimos sua glória, em Jesus de Nazaré, a Palavra Viva de Deus. Ouçam a Ele.

Eliel Batista

domingo, 16 de outubro de 2011

A ausência de Deus no mundo.

por gentil pereira santos



Há muito tempo se debate a ausência de Deus no mundo, na forma de ateísmo e outros ismos. Como já escreveu um filosofo deus está morto. No entanto o mesmo filosofo, Friedrich Nietzsche está morto e mesmo dizendo que o cristianismo estava em decadência não pôde ver a ascensão do cristianismo no mundo.

Alguns cristãos na angústia da vida, chegam a pensar que Deus não existe ou se ausentou. Como explicar aos encrueis a ausência de Deus nas atrocidades do mundo como a fome, mortalidade infantil e aberrações genéticas, a peste e a guerra?

Um padre no interior do nordeste se questionava o porque de uma mãe passar fome e ao alimentar sua criança dos seus seios saia sangue? As pessoas de sua paróquia morriam de inanição e os animais morriam de sede.

No entanto uma voz suave como a bruma veio-lhe ao ouvido e disse – “ a pergunta não é o que Deus está fazendo para que essas coisas acabem ... e sim o que eu ( você) está fazendo como ser humano e líder espiritual para que essas coisas amenizem.”

Desta forma creio que Deus age e não está ausente desde que nós seres humanos estendamos as mãos ao próximo. Nós somos a extensão de Deus aqui na terra e sua mão e pés que visita o cansado e abatido.

Que Deus nos Ajude!