Por gentil pereira
Nenhum progresso científico do último século conseguiu fazer com que os criacionistas mais tradicionais repensem suas perspectivas, embora repensem suas estratégias. Uma coisa é um velho cientista e seu séquito morrer apegado à idéia de Éter, outra, bem mais complicada, é uma comunidade religiosa inteira misturando crenças milenares com posturas pretensamente científicas que são tornadas tão imunes à revisão quanto os próprios dogmas de fé. É impossível uma atividade científica progredir desta forma.
O que nos leva diretamente ao ponto mais importante. Nada há de errado em apostar numa posição criacionista como concorrente séria à posição científica dominante a não ser sua completa falta de resultados. Lembremos que o evolucionismo não é somente uma explicação abstrata sobre um tema pragmaticamente desconectado da atividade científica, ela está profundamente amarrada com a produção de conhecimento prático, incluindo a medicina, e ainda mais importante, apresenta uma vasta consistência capaz de interligar diversas áreas do conhecimento.
Para concorrer com o evolucionismo, os criacionistas teriam que mostrar uma ampla produção de saber, que desse conta de explicar não apenas questões isoladas, mas um todo coerente, o que necessariamente pressupõe uma investigação conjunta entre diversos pesquisadores e entidades, pois foi-se o tempo que isso podia ser feito por um único pensador.
Pense bem, coordenando interesses com suas comunidades, os criacionistas poderiam obter financiamentos bastante significativos, haja visto a força e integração que possuem. Se ao menos 1% de tudo o que é arrecada pelas igrejas fosse canalizado para pesquisa científica, só no Brasil o orçamento provavelmente seria maior que o de muitas instituições estatais. Por que não o fazem? Quase certamente porque, em primeiro lugar, não há essa coerência nem mesmo entre eles próprios.
Como poderia então haver num âmbito mais amplo. Não esqueça que o evolucionismo mostrou a que veio. Revolucionou uma produção científica, unificou a 'História Natural' e deu origem à Biologia que hoje conhecemos, conectando-as harmonicamente com a Antropologia, Geologia, Paleontologia e etc. Concorrer com esse paradigma não é tarefa simples, é preciso mostrar muito resultado, e provar idoneidade, para se apresentar como uma alternativa. E digo idoneidade no sentido de convencer que se trata de uma postura comprometida antes de tudo com o conhecimento.
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Há diversos mistérios que desafiam e possivelmente permanecerão desafiando nosso entendimento, e creio que o advento da mente é o maior deles. Somos seres INTENCIONAIS que vivem num mundo permeado por eventos físicos supostamente NÃO Intencionais, o que coloca uma divisão entre nós que pode ser vista na relação Sujeito e Objeto. É muito difícil, possivelmente impossível, explicar como se dá a passagem do Não Intencional para o Intencional.
É possível que o limiar seja qualitativo, e intransponível. Para solucionar essa dificuldade, há basicamente 3 opções lógicas. Colocar a Intencionalidade prévia a perpetuamente no mundo Físico, afirmar que a mesma surge em algum momento no mundo Físico, ou remove-la da mente. A última é evidentemente inaceitável e só é considerada na cabeça dos niilistas mentais, como os behavioristas ontológicos, ou talvez o venha ser por computadores mais avançados.
As demais são respectivamente representadas pela totalidade do pensamento religioso e parte do filosófico, a Primeira, e por parte do filosófico e maior parte do científico, a Segunda. Os criacionistas são defensores da manutenção perpétua da intencionalidade na natureza. Infelizmente, mal se dão conta dessa sutileza e colocam tudo em termos de criação divina, o que simplesmente destrói a questão em si transformando tudo em Poesia X Lógica (como se isso fosse possível), ou mero Design Inteligente, que apenas torna a questão fundamental um tanto obscura e pode, por um lado, voltar ao non-sense da primeira, ou permitir atingir a profundidade da segunda.
O que digo, afinal, é que por trás de toda a longa e possivelmente circular discussão entre Criação e Evolução, está por trás algo que possui uma complexidade, e uma beleza, muito mais pura e fundamental do que pode crer o criacionista médio, ou o evolucionista que está interessado na vida apenas enquanto fato científico. Trata-se da noção de que a mente humana, nossa consciência, é algo radicalmente distinto das demais coisas do mundo a ponto de que sua base física, o corpo humano, bem como sua manifestação, sejam coisas que mereçam tratamento radicalmente diferente dos demais objetos físicos, e mesmo dos animais.
A importância dessa distinção é pura e simplesmente ABSOLUTA! E sem ela nada mais faria o menor sentido. As leis se fundam nela, as nações, o conhecimento, a arte, tudo tem como base a premissa inviolável da superioridade intrínseca da mente sobre a matéria. Muitas vezes inconsciente, mas SEMPRE presente.
Que Deus nos ajude!
http://www.evo.bio.br/EVOXCRIA.HTML
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