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domingo, 14 de novembro de 2010

Súplica

Por Ricardo Gondim
Recebi o texto abaixo, que me deixou perplexo. O autor deu-lhe o título de Súplica. Ele preferiu ficar anônimo para encarnar o clamor de muitos, inclusive meu.
Tantos padecem sem serem ouvidos nos corredores eclesiásticos, tavernas, clubes e centros acadêmicos. Diante do perigo de ficar surdos para o grito humano de quem ficou para trás, caminhemos mais lentamente.
Ricardo
Soli Deo Gloria




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Súplica
Por favor, não fustigue as feridas narcísicas que ainda supuram na minha alma. Você não conhece os traumas que padeci no jardim da infância. Tenha cuidado com os nervos expostos. Lágrimas ainda quentes lembram repreensões infundadas que ruborizaram o meu rosto.
Por favor, não pise se já estou caído. Não tripudie na minha derrota. Os abatidos não merecem essa trágica inclemência. Sinto-me frágil e ainda noto que uma rigorosa espada balança sobre meu pescoço. Preciso de um olhar calmo, que firme os meus pés. Não transforme o meu medo em pânico.
Por favor, não me exile. Ostracismos não regeneram. Sinto-me fósforo riscado, garrafa vazia, pente quebrado. Acolha-me como um órfão. Faça do seu regaço uma maca, das mãos, um atracadouro e dos ombros, um arrimo. Não recrimine, preciso de norte. Seja samaritano, sou o viajante que jaz na beira da estrada.
Por favor, não me deixe com esta crise de aceitação. Sofro por saber que meu prato não está na mesa, que meu nome não consta nas listas, que minha foto foi arrancada do albúm. Você não imagina o constrangimento de saber que provoco risos sarcásticos. Todos queremos ser queridos, desejados. Espero, realmente espero, que voltemos a rir juntos e que meu caminho volte a ser de paz

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